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'Levaram o Emílio!': tutora pede ajuda após gambá ser confiscado pela polícia

Mulher compartilhava a rotina com o marsupial nas redes. Ela acabou acusada de maus-tratos ao animal, o que ela nega

RPet|Maria Cunha*, do R7

Tutora pede ajuda após gambá chamado Emílio ter sido confiscado pela polícia
Tutora pede ajuda após gambá chamado Emílio ter sido confiscado pela polícia Tutora pede ajuda após gambá chamado Emílio ter sido confiscado pela polícia

Na última terça-feira (6), a técnica de enfermagem Schanacris Braga pediu ajuda no Instagram após o gambá dela, conhecido como Emílio, ter sido retirado por órgãos ambientais, sob acusação de maus-tratos. 

Moradora de Montenegro (RS), a mulher compartilhava a rotina com o marsupial nas redes sociais e fez vídeos nos quais conscientizava as pessoas a não maltratarem nem matarem indivíduos da espécie. No entanto, tal cuidado não foi o sufiente para que a dupla pudesse permanecer junta.

Em entrevista exclusiva ao R7, Schanacris contou que estava no trabalho quando recebeu uma ligação que informava que a polícia civil e a Patram (Polícia Ambiental) chegaram à residência dela com a denúncia de maus-tratos ao bichinho.

"Fui pra casa, mas não imaginei que fossem retirar o meu bicho. Convidei eles para entrarem, fui educada, mostrei o Emílio no meu pátio, que é gigante", contou ela. "A Patram ficou com vergonha. Vieram achando que era uma coisa, sem averiguar, e era outra. Eles sabem que não foi crime. Tiraram ele de mim da pior forma possível", lamenta a técnica de enfermagem.

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Como as autoridades eram de Porto Alegre, localizada a uma hora de Montenegro, e tinham viajado até a cidade, Schanacris foi informada que "não teria o que fazer", e o animal foi confiscado. "Eram umas delegadas novas. Não tinham mandado, não tinham nem como levar e não sabiam onde largar ele", continuou a tutora. "Levaram na minha gaiolinha de gato, com o paninho, a ração, o ovinho, a água, tudo dele. Dói demais."

Apesar de ter ficado com medo, encolhido e até tentar fugir das profissionais, Emílio foi retirado da residência em que vive desde filhote e levado para o Projeto Preservas, núcleo de conservação e reabilitação de animais mantido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo informações prestadas a Schanacris, ele "a princípio está bem".

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No Instagram, a técnica publicou diversos stories chorando e muito nervosa com a perda do animal. "Estou em choque. Por maus-tratos? O bichinho está vivo porque a gente cuidou e amou. Ele pode morrer agora no trajeto, ele é um animal idoso", afirmou, com a voz embargada.

Emílio e Schanacris

Emílio entrou na vida de Schanacris após ter sido capturado por um gato. O gambá estava machucado e com marcas de mordida. "Foi ligado para a Patram (Patrulha Ambiental da Brigada Militar) da cidade, eles não atenderam e, quando retornaram, falaram que o pegariam, mas colocariam de volta no mato", contou. "Ele era um bebê."

A profissional da saúde, então, entrou em um grupo do Facebook sobre gambás brasileiros, do qual participam biólogas e veterinárias que a ensinaram a cuidar do animal. A partir disso, ela se tornou referência na cidade na realização de resgates de marsupiais e animais silvestres. "A Patram não dá conta do serviço, são muitos municípios, eles não dão conta de atender e fazer. Os veterinários indicam a gente pra resgate", explica ela.

De acordo com a tutora, Emílio ainda tem um problema de saúde que o impede de viver com outros da espécie. Por apresentar deficiência nos dentes caninos, ele não consegue morder direito — um está quebrado, e o outro é para dentro. Assim, ela acredita que ele não conseguiria sobreviver na natureza. "Já estou com ele há um ano e sete meses. É um gambá idoso", explica Schanacris.

Schnacris recebeu diversas mensagens de pessoas que querem ajudar e agradeceu o apoio. A decisão dos órgãos ambientais revoltou os usuários, que afirmaram que o que foi feito com o gambá — criado, segundo eles, "com amor e carinho" — é "maldade".

"Tantos animais passando fome, maus-tratos em cativeiros. Ninguém faz nada. Vão mexer com quem tem todo o amor do mundo", disse uma seguidora. "Não se tira um filho de uma mãe, publicou outra".

Lei ambiental

De acordo com a advogada e irmã de Schnacris, Yasmin Ossanai, "existe previsão legal que confere aos detentores de animais silvestres o direito de requerer a guarda. Nesse sentido, as medidas judiciais cabíveis já foram tomadas". A dona de Emílio também criou uma petição para tentar a devolução do animal.

O vereador de Montenegro e advogado Gustavo Oliveira também ofereceu ajuda para que a mulher fique com o animal ou pelo menos obtenha sua guarda provisória.

O caso foi comparado ao que ocorreu com a capivara Filó e o influenciador Agenor Tupinambá, que foi multado, acusado de maus-tratos contra os animais e perdeu temporariamente a guarda do mamífero. Atualmente, o morador de uma fazenda no interior do Amazonas não pode mais publicar vídeos com o mamífero, que foi devolvido a ele.

Ainda assim, conforme reportagem publicada em RPet, devemos nos lembrar de que, diferentemente de cachorros, gatos, galinhas e bois, que são animais domesticados, bichos silvestres não podem ser pets, para a própria saúde e preservação da espécie.

À época da polêmica com a capivara Filó, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo se pronunciou sobre o assunto a pedido do RPet. A veterinária Mayra Frediani, da Divisão da Fauna Silvestre, detalhou as razões pelas quais os bichos selvagens não são animais domésticos.

"Cão, gato, galinha e boi são exemplos de animais domésticos. No caso do cão, fala-se entre 10 mil e 40 mil anos de coevolução, convivendo com a gente, moldando a espécie para chegar ao que a gente tem hoje", exemplificou Frediani. "Animais silvestres não passaram por esse processo brutal, longo, e por isso têm o seu comportamento e sua fisiologia mais preservados. Assim, uma vida em cativeiro, com a nossa convivência, vai ser muito mais drástica para essas espécies", disse.

O RPet entrou em contato com a Patram para que se posicionasse sobre o assunto, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta. O espaço permanece aberto a esclarecimentos.

*Sob supervisão de David Plassa

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