Pesquisa mostra que animais na floresta têm mais medo de humanos do que dos predadores
Taryn Elliott/PexelsOs leões não são os caçadores que os animais da savana sul-africana mais temem no planeta, segundo um novo estudo. O levantamento, que analisou girafas, leopardos, hienas, zebras, cudos, javalis e impalas, destacou que os seres humanos são considerados "superpredadores". Isso significa que os bichos selvagens têm mais medo do homem do que dos seus predadores naturais.
A pesquisa, realizada por Liana Zanette, professora de biologia da Universidade de Western Ontario, e Craig Packer, da Universidade de Minnesota, além de outros especialistas, demonstrou que quase 95% dos animais na África do Sul tinham maior probabilidade de fugir e abandonar poços de água rapidamente quando ouviam vozes humanas do que quando ouviam o som de leões ou de tiros de arma de caça.
Para chegarem a essas conclusões, publicadas na Current Biology, os colegas trabalharam no Parque Nacional do Grande Kruger, na África do Sul.
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"Estas descobertas acrescentam uma nova dimensão aos nossos impactos ambientais em todo o mundo. É de esperar que o medo substancial dos humanos demonstrado aqui, e em experiências recentes comparáveis, tenha consequências ecológicas dramáticas, porque outra nova investigação estabeleceu que o próprio medo pode reduzir o número de vida selvagem", disse Zanette à Western News.
Outras pesquisas evidenciam que os humanos matam animais em taxas muito mais altas que as dos seus predadores naturais.
Os pesquisadores usaram câmeras com alto-falantes para chegar ao resultado desta pesquisa
Nancy Yu/Pexels"Consistentes com a letalidade única da humanidade, os dados da América do Norte, Europa, Ásia e Austrália, e agora o nosso trabalho na África, demonstram que a vida selvagem em todo o mundo teme mais o 'superpredador' humano do que o predador não humano de cada sistema, como os leões, leopardos, lobos, pumas, ursos e cães", afirmou Zanette.
Para que os resultados fossem conclusivos, Zanette e a equipe colocaram sistemas de câmeras com alto-falantes em poços de água que, quando eram acionados pelo próprio animal que passava a uma curta distância de 10 metros, filmavam a sua reação ao ouvir humanos falando; depois eram feitos testes com rugido de leões e sons de caça.
"Estes resultados apresentam um novo desafio significativo para a gestão de áreas protegidas e conservação da vida selvagem, porque agora é claro o receio de que mesmo seres humanos benignos, como os turistas da vida selvagem, possam causar esses impactos, anteriormente não reconhecidos", finalizou.