Marcos José Wolf, biólogo, especialista em apicultura e meliponicultura
Arquivo pessoalAs abelhas não são a primeira coisa que vem à cabeça quando se pensa na produção de alimentos consumidos no dia a dia. Na verdade, muitos têm o impulso de repelir esses insetos, afinal, para alguns, uma simples picada pode ser mortal. Ainda assim, é importante saber que as abelhas são um dos grandes responsáveis por um processo essencial para a alimentação humana: a polinização.
Abelha coletando néctar em flor
Arquivo pessoalNo Dia Mundial das Abelhas, comemorado neste sábado (20), o RPet conversou com o biólogo Marcos Wolf, especialista em apicultura e meliponicultura. Ele explica que as abelhas exercem um papel ecológico superimportante. "Elas realizam a polinização de aproximadamente 70% das espécies vegetais", conta.
"As abelhas são importantes economicamente, pois são as responsáveis pela polinização cruzada que proporciona um aumento na variabilidade genética das plantas. Em alguns casos, a polinização pode aumentar a quantidade de frutos, a quantidade de sementes e até mesmo a qualidade — como o tamanho, sabor e aumento no tempo de prateleira", revela.
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O especialista explica que a situação desses insetos no contexto atual está complicada. "As abelhas correm risco de extinção." Segundo ele, este risco é resultado direto das ações humanas.
"Uso indiscriminado de defensivos agrícolas, desmatamento, queimadas, introdução de espécies exóticas", cita como exemplo.
Abelhas sem ferrão das espécies uruçu-amarela-do-cerrado e mandaçaia-pantaneira durante alimentação artificial
Arquivo pessoalMarcos destaca que a extinção das abelhas causaria não só um impacto ecológico, como também afetaria a economia. "Caso as abelhas fossem extintas, teríamos aproximadamente 70% da diversidade de alimentos que consumimos ausente. Certamente seria mais difícil produzir comidas e o pouco produzido se tornaria muito caro", explica.
"Além disso, não teríamos os produtos das abelhas que são muito importantes na alimentação e no tratamento de doenças", comenta.
O biólogo explica que existem formas de polinização humana, mas destaca o principal problema desta opção: "É um serviço caro e complicado que as abelhas prestam gratuitamente, com perfeição, há milhões de anos".
O especialista destaca que o maior problema é a falta de informação. "Se você sabe que a abelha é um inseto superimportante, vai pensar duas vezes antes de utilizar um inseticida que poderia matá-la", diz.
"Há mais de 20.000 espécies de abelhas no mundo, muitas delas são inofensivas ao ser humano, e são eliminadas pelo simples pensamento de que poderia oferecer risco. Em resumo, conheça as abelhas, preserve a natureza e procure consumir produtos que se preocupam com a preservação do meio ambiente", aconselha.
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*Sob supervisão de Fabíola Glenia