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Mãe de pet: especialistas e tutoras falam sobre a polêmica em humanizar os animais

Colocar roupa, sapatos, fazer festinhas... Afinal, o que é saudável e o que é excesso no cuidado com os bichos?

RPet|Thaís Sant'Anna, do R7

Nayara Marques Noronha se considera 'mãe de pet' da cachorra Gaia
Nayara Marques Noronha se considera 'mãe de pet' da cachorra Gaia Nayara Marques Noronha se considera 'mãe de pet' da cachorra Gaia

Com o Dia das Mães, celebrado neste domingo (14), é muito comum encontrar nas redes sociais fotos de pessoas que se denominam ‘mães de pet’. Apesar do intuito ser algo ‘fofo’, muitos são contra o termo, criticando a ‘humanização’ de bichos, como gatos e cachorros. Mas afinal, até que ponto é saudável tratar o animal como gente? O RPet conversou com especialistas e tutores, que deram suas opiniões e pontos de vista sobre esse polêmico assunto, além de especificar tópicos práticos do que se deve ou não fazer com os pets.

“Dependendo da forma como é feita essa ‘humanização’, pode, sim, afetar o comportamento do pet. Por exemplo, gritar e bater no animal assumindo que ele entende as palavras ou o motivo da bronca, pode deixar o animal ansioso, agitado ou até, em alguns casos, reativo. Já apenas o chamar de ‘filho’ não vai mudar em nada o relacionamento e, consequente, o comportamento dele”, explica Marcela Zurli, veterinária comportamentalista.

Henrique Perdigão, veterinário e adestrador, discorda um pouco. Para ele, não há problemas em se referir a um animal como ‘filho’, mas a maneira como tratá-lo, sim. “A forma de aprendizagem e necessidades diferem do ser humano. Como todo relacionamento, os cães precisam de rotina, limites, gasto de energia, socialização e, é claro, atenção”, diz.

Roupas e sapatos: exagero ou necessidade?

Nayara Marques Noronha teve a cachorra como 'dama de honra' em seu casamento
Nayara Marques Noronha teve a cachorra como 'dama de honra' em seu casamento Nayara Marques Noronha teve a cachorra como 'dama de honra' em seu casamento

A administradora Nayara Marques Noronha, de 31 anos, se define como ‘mãe de pet’ com muito orgulho. Ela é tutora de Gaia, uma buldogue frânces de 3 anos, que até entrou em seu casamento com ‘daminha de honra’, com direitinho a vestidinho de tule. “Nós queríamos os nossos sobrinhos entrando no casamento e são dois meninos e uma menina. Como o mais novo sempre foi apaixonado pela Gaia, nada mais justo do que entrar a guiando pela igreja”, se derrete.

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Neste caso, o look foi usado para uma ocasião especial e, claro, não prejudica o animal. Mas Perdigão alerta para o exagero. “Você pode oferecer cobertura, abrigo e até mesmo uma manta, mas as roupas são para os humanos, não para os animais”, avisa. “Colocar roupa em dias muito quentes, sem estar em local refrigerado, pode trazer riscos de hipertermia”, completa Zurli.

Em algumas situações, no entanto, roupas e acessórios podem ser recomendados. Se o cão tem displasia (doença hereditária que causa alteração anatômica na articulação do quadril), por exemplo, ou o chão em que ele está passeando é muito escorregadio, os sapatos podem ser um aliado. “Quando o animal está com uma lesão que precisa ficar coberta, ou bichos sem pelagem e com pouca capa de gordura, que podem sentir frio em determinadas épocas do ano ou ambientes, a roupa pode ser indicada”, ensina Zurli.

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Pets ligam para festinhas de aniversário?

Muitos tutores fazem festas de aniversário para seus pets
Muitos tutores fazem festas de aniversário para seus pets Muitos tutores fazem festas de aniversário para seus pets

Não é difícil ver na web tutores fazendo festinhas para celebrar o aniversário de seus pets. Apesar de não entenderem o motivo, os cachorros gostam de ser o ‘centro das atenções’, os gatos nem tanto. Nestas ocasiões é importante levar em consideração alguns pontos, como barulho e alimentação.

“Juntar os cães que o animal convive com frequência para uma interação é legal! Mas não podemos utilizar sons altos, que podem deixá-los com medo”, afirma Perdigão. “Alguns animais podem apresentar vômitos e/ou diarreia após esses eventos, por comerem coisas que não estão acostumados ou até por apresentarem alguma sensibilidade alimentar ou questão gastrointestinal”, alerta Zurli.

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Pets curtindo uma praia

A buldogue francês Gaia curtindo um dia de praia no Nordeste em viagem com a família
A buldogue francês Gaia curtindo um dia de praia no Nordeste em viagem com a família A buldogue francês Gaia curtindo um dia de praia no Nordeste em viagem com a família

Gaia sempre está presente nas viagens que Nayara faz em família. Em fotos, dá pra ver a cachorra se divertindo na praia e até usando um colete salva-vidas. Segundo a administradora, sempre é pensado se os locais aceitam pets e se será seguro.

Para Zurli, desta forma a viagem é saudável para o pet. “Viajar pode ser muito agradável se você procurar um lugar bacana, com referências e planejar atividades com seu cachorro”, diz Zurli, que lembra que gatos não costumam gostar de mudanças de ambiente.

Por quanto tempo deixar o pet sozinho?

Esta é uma dúvida bastante corriqueira. Alguns tutores, como Nayara, chegam a contratar babás de pets para não deixarem o animal sozinho. “Não existe um padrão. O ideal é sempre acostumar o cão a ficar sozinho, construir a independência, para ele se divertir sozinho e aprender a não depender totalmente dos tutores”, esclarece Perdigão.

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Zurli ressalta que se o bicho nunca ficou sozinho, por não ter sido acostumado, é preciso tomar cuidado. “Não tem essa de ‘deixa que ele aprende sozinho’, isso pode piorar e levar até a quadros de animais que se machucam ou se mutilam ao ficarem sós, que são muito mais difíceis de serem trabalhados do que perceber e tratar no início”.

Afinal, qual é o limite ao tratar um pet como filho?

Auane Carla da Costa é 'mãe de pet' de Tony
Auane Carla da Costa é 'mãe de pet' de Tony Auane Carla da Costa é 'mãe de pet' de Tony

A assistente de departamento pessoal Auane Carla da Costa, de 32 anos, adora mimar seu spitz alemão Tony, de 4 anos, mas sem exageros. Para ela, ser ‘mãe de pet’ é oferecer tudo de melhor para o bicho, como vacinas em dia, banhos regulares, ração específica para a raça e passeios. “Tony, realmente, faz parte da família”, diz.

Auane, no entanto, confessa que tem dificuldades em dar broncas em Tony. “Fico com dó quando vou corrigi-lo. Não tem como brigar com aqueles olhinhos te olhando”, assume. O veterinário e adestrador Perdigão esclarece que é preciso dar limites, assim como fazemos nas relações humanas. “Cães sem limites dominam a casa, impõe suas vontades e, muitas vezes, mordem seus donos. Mimos podem ser relacionados a algo feito de forma correta e não devem ser banalizados”, instrui

No caso dos tutores, Angela Fabbri, psicóloga clínica com especialização em terapia cognitivo comportamental e neuropsicóloga, diz que é necessário ficar atento quando acontece a ‘humanização excessiva.

“Pode ocorrer quando se confunde o papel de tutor com o de pai ou mãe. É como se o tutor estivesse com o instinto de cuidado tão ativado, tão voltado para aquela criatura, que sente no corpo essa afeição intensa e desmedida. Podem ocorrer distorções na conduta, tanto para um lado, quanto para o outro, ou seja, crueldade ou excesso de carinho. É importante verificar se há alguma necessidade afetiva não realizada no tutor que possa estar sendo projetada nessa relação. Não podemos nos esquecer que os bichos têm sua própria natureza”, declara.

Benefícios na vida do tutor

O veterinário e adestrador Henrique Perdigão com alguns cães que cuida
O veterinário e adestrador Henrique Perdigão com alguns cães que cuida O veterinário e adestrador Henrique Perdigão com alguns cães que cuida

É claro que um animal quando adotado, tem sua vida melhorada em muitos sentidos. Mas o tutor também ganha benefícios para sua saúde. Fabbri conta que há várias pesquisas e estudos que comprovam que a companhia dos bichos reduz a ansiedade, depressão, auxilia crianças com problemas de aprendizagem, idosos e até doentes.

“A explicação para esse efeito é a estimulação da produção de hormônios, como prolactina e ocitocina, que são ligados ao sentimento de amor, empatia e bem-estar. No convívio com os pets também é produzida a serotonina, conhecida como a substância da felicidade, que atua como um neurotransmissor, cujo efeito aumenta a sensação de satisfação no nosso organismo. Dessa forma, conviver com animais nos torna mais relaxados, felizes, melhora nosso humor e nos alegra”, diz.

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