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Será que um medicamento pode prolongar a vida de um cachorro?

Os pesquisadores precisarão demonstrar que os remédios acrescentam anos bons e saudáveis à vida do cão

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Dobby, um pastor-alemão de 12 anos, em um parque em Washington
Dobby, um pastor-alemão de 12 anos, em um parque em Washington Dobby, um pastor-alemão de 12 anos, em um parque em Washington

A vida de um cachorro doméstico segue uma trajetória previsível. Com o tempo, o filhote de orelhas caídas, que adormece em cima do pote de comida vai se tornar um adolescente de pernas um pouco mais longas (dependendo da raça, claro) e, finalmente, vai se estabelecer na vida adulta, com um local cuidadosamente escolhido para dormir e um ritual antes de se deitar bem ensaiado. Mas, com o passar dos anos, suas articulações ficarão mais rígidas e seu focinho, grisalho.

Um dia, que inevitavelmente chegará cedo demais, seu rabo, enfim, vai parar de abanar. "Quando você adota um cachorro, está adotando um sofrimento futuro. Vale a pena, porque você recebe muito amor, mas a vida deles é bem mais curta que a nossa", disse Emilie Adams, nova-iorquina dona de três cães da raça leões-da-rodésia (ou Rhodesian ridgeback)

Nos últimos anos, cientistas têm buscado medicamentos que possam adiar essa dor, prolongando a vida de nossos companheiros caninos. Recentemente, a empresa de biotecnologia Loyal anunciou que deu mais um passo para lançar um desses medicamentos no mercado. "Os dados fornecidos são suficientes para mostrar que há uma expectativa razoável de eficácia", afirmou um representante da FDA, agência federal americana responsável pelo controle de alimentos e remédios, à empresa em uma carta recente.

Isso significa que o medicamento, que a empresa se recusou a identificar por questões de propriedade, atendeu a um dos requisitos para "aprovação condicional ampliada", tipo de autorização concedida a medicamentos veterinários voltados a necessidades de saúde ainda não atendidas e que exigem ensaios clínicos difíceis.

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O remédio ainda não está disponível para os pets, e a FDA ainda precisa revisar os dados de segurança e de fabricação da empresa. Mas a aprovação condicional, que deve acontecer em 2026, vai permitir que a empresa comece a comercializar o medicamento mesmo antes da conclusão de um grande ensaio clínico. 

Não se sabe se a droga, de fato, vai cumprir essa promessa. Embora um pequeno estudo sugira que pode atenuar as mudanças metabólicas associadas ao envelhecimento, a empresa ainda não demonstrou que ela prolonga a vida dos cães.

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Mais medicamentos do gênero em desenvolvimento

Especialistas se dedicam a medicamentos para prolongar a vida dos cães
Especialistas se dedicam a medicamentos para prolongar a vida dos cães Especialistas se dedicam a medicamentos para prolongar a vida dos cães

Uma equipe de pesquisadores está conduzindo um ensaio clínico para cães com a rapamicina, que já mostrou prolongar a vida de ratos de laboratório, e a própria Loyal está recrutando cães para um ensaio clínico de outro medicamento. Esses casos são um sinal tanto do ritmo acelerado da ciência quanto da seriedade com que pesquisadores e reguladores estão tratando de um campo que antes parecia ser ficção científica.

Eles também levantam questões sobre o que pode significar ter sucesso, afirmou Daniel Promislow, biogerontologista da Universidade de Washington e codiretor do Dog Aging Project, que está conduzindo o ensaio clínico de rapamicina. "E se funcionar? Quais serão as implicações?"

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Envelhecimento adiado, mas não inevitável

O envelhecimento pode ser inevitável, mas talvez possa ser adiado. Cientistas já criaram vermes, moscas e ratos com vida mais longa ao ajustar genes-chave relacionados ao envelhecimento. Isso continua sendo ativamente pesquisado, mas a longevidade canina começou recentemente a atrair mais atenção, em parte porque os cães são bons modelos para o envelhecimento humano e em parte porque muitos tutores adorariam prolongar o tempo com os membros peludos da família.

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Os medicamentos sob investigação atuam de maneiras diferentes. A rapamicina, que também tem atraído grande interesse como um possível medicamento de longevidade para o ser humano, inibe uma proteína conhecida como mTOR, que regula o crescimento celular e o metabolismo.

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Este ano, uma equipe de cientistas, incluindo Promislow e alguns de seus colegas no Dog Aging Project, publicou uma análise sobre cães escolhidos ao acaso para receber uma dose baixa de rapamicina ou um placebo durante seis meses. Embora o tamanho da amostra fosse pequeno, 27% dos tutores dos animais que receberam o medicamento relataram melhorias na saúde ou no comportamento, incluindo aumento na atividade ou nas brincadeiras, em comparação com 8% dos tutores que os cães não receberam um placebo.

Mas provar que um medicamento pode de fato prolongar a vida dos cães vai exigir grandes e longos ensaios clínicos. Embora alguns estejam em andamento, os resultados não estarão disponíveis antes de pelo menos mais alguns anos. E analistas observaram que, independentemente do remédio, os pesquisadores precisarão demonstrar que ele acrescenta anos bons e saudáveis à vida de um cachorro, em vez de só prolongar seu declínio.

Dilemas caninos

Não basta fornecer medicamentos para a longevidade dos cachorros, é preciso dar qualidade de vida
Não basta fornecer medicamentos para a longevidade dos cachorros, é preciso dar qualidade de vida Não basta fornecer medicamentos para a longevidade dos cachorros, é preciso dar qualidade de vida

Ainda é cedo para dizer quanto custarão os medicamentos para longevidade, mas Halioua prevê que será "dezenas de dólares por mês". Para alguns tutores, o preço não será um impedimento, afirmou Karen Cornelius, de Illinois, que tem mastins e outras raças "gigantes" há décadas. Muitos morreram por volta dos 9 anos, informou ela, que administra vários grupos nas redes sociais para tutores de cães gigantes.

"Estávamos discutindo em um dos meus fóruns ontem sobre a vida curta dos cachorros e como as pessoas dariam quase qualquer coisa para prolongá-la."

Alguns especialistas em ética temem que esse entusiasmo possa ser explorado, sobretudo se os medicamentos forem anunciados como fontes da juventude canina, enquanto questões de segurança e eficácia a longo prazo permanecem sem solução. Eles observam, ainda, que os próprios cães não podem dar consentimento.

"Será que é do interesse deles viver um pouco mais quando há algum risco em tomar esses medicamentos? Ou é só do interesse de seus tutores, que são muito apegados a eles?", questionou Rebecca Walker, filósofa e bioeticista da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, acrescentando que não daria um medicamento para longevidade ao seu golden retriever.

As drogas para longevidade são destinadas a cães saudáveis, o que muda o cálculo de risco-benefício. "Dar um medicamento de última hora a um cachorro que está à beira da morte é uma coisa. Dar um remédio totalmente novo ao meu cão jovem e saudável me parece meio assustador", observou Bev Klingensmith, criadora de dogues alemães em Iowa.

Mesmo medicamentos que cumpram todas as promessas levantarão questões éticas. "Se os animais estão vivendo mais, temos os recursos e o compromisso para proporcionar a eles uma vida que valha a pena? E se os cães começarem a viver mais que os tutores?", escreveu por email Anne Quain, veterinária e especialista em ética veterinária da Universidade de Sydney.

"Reformular as práticas de reprodução que contribuíram para problemas de saúde que encurtam a vida de muitos cães e expandir o acesso aos cuidados veterinários básicos podem ser maneiras mais sensatas de melhorar a vida desses animais", acrescentou. "Podemos salvar muitos 'anos de cão' garantindo que o maior número possível de cachorros tenha acesso a esses cuidados."

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