Castrar cães e gatos evita muitas doenças graves
FreepikA castração de cães e gatos ainda é um momento de dúvida para alguns tutores. No Brasil, o procedimento, que consiste na retirada do útero e ovário nas fêmeas, e dos testículos nos machos, não é obrigatório — mas é gratuito em muitas cidades —, o que causa ainda mais discussões. Porém, há um consenso entre os veterinários de que a cirurgia é a melhor alternativa para evitar doenças nos pets, além de ajudar no controle populacional dos animais, sendo um ato de amor, cuidado e responsabilidade.
"O órgão reprodutivo tanto do cão, quanto do gato, é feito único e exclusivamente para a procriação. Os pets não têm uma função de procriação dentro de casa, logo, não utilizam o órgão reprodutivo, diferentes dos animais de canis e de trabalho, que estão sempre procriando. Em alguns casos, o tutor leva o cão para cruzar uma vez a cada dois, três anos, o que pode gerar problemas, não só de órgão reprodutivo, como comportamentais", explica o veterinário André Nunes em entrevista ao RPet.
Segundo o profissional, o principal motivo para castrar os bichos domésticos é evitar graves doenças. "Nos machos há uma incidência muito alta de hiperplasia (aumento da próstata) e tumores testiculares e prostáticos em pets não esterelizados. Nas fêmeas, a castração reduz o risco de piometra, infecção grave no útero causada por uma bactéria, que ocorre geralmente após o cio, e dos tumores de mama, de útero e ovário", enumera Lucas.
Os gatos que vivem em casas e costumam sair para passearem fora correm mais um risco. "Esses bichanos costumam andar muito atrás de fêmeas para acasalar. E, aí, é muito comum ter brigas entre os machos. O gato volta para casa todo machucado e pode ser contaminado por doenças como a Esporotricose, que é seríssima. Ela ocorre quando os gatos se arranham em brigas, ficam com as feridas abertas e contraem fungos", completa o veterinário.
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André reitera a importância da castração para a saúde pública. "Para evitar a gravidez indesejada em muitos animais, principalmente em situação de rua. As cadelas e gatas de rua, quando ficam no cio, atraem muitos machos e podem copular e procriar várias vezes, o que aumenta ainda mais o número de animais abandonados", diz.
Virada da Castração foi um projeto realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo
Reprodução/Divulgação Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo
Os cães e gatos de médio e pequeno porte podem ser castrados a partir do primeiro ano de vida. Nos pets de grande porte, a cirurgia pode acontecer até os 2 anos. "Nessa idade, eles têm formação óssea completa, na maioria dos casos, e o animal também já atingiu a maturidade sexual. Com isso, a castração não tem efeitos adversos para a saúde", afirma André.
A cirurgia é rápida e simples, feita em cerca de 30 minutos. O pós-operatório deve ser acompanhado de perto pelos tutores. "Após a castração, nos três primeiros dias o pet tem que ficar em repouso absoluto. Depois, em repouso moderado até completar 10, 15 dias, para evitar o rompimento da sutura. Passando isso, com a retirada dos pontos, o cachorro e gato podem ter vida normal. Se for um animal atleta, que vai para a praia, cão de sítio, de apartamento, o que for, pode fazer tudo que está acostumado", garante.
Em muitas cidades a castração é gratuita. Em São Paulo, por exemplo, o Programa Permanente de Controle Reprodutivo de Cães e Gatos (PPCRCG) é um serviço da prefeitura oferecido à população desde 2001 e, desde então, já teve mais de um 1,4 milhão de cães e gatos esterilizados cirurgicamente.
O programa prevê atendimento em clínicas contratadas ou ainda, por meio de mutirões realizados em regiões de maior exclusão social. A estimativa anual é de mais de 110 mil castrações, podendo sofrer alterações em virtude da programação de ações especiais.
O instituto Ampara Animal também faz mutirões de castração de cães e gatos em comunidades carentes com uma unidade móvel. O ônibus é todo adaptado para receber o ambulatório e os equipamentos necessários para os procedimentos.
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